Mais uma vez, a tradição repete-se. Depois de algumas semanas de euforia natalícia, que cada vez começa mais cedo, chega-se a hora de pôr um fim à boa vida do Menino Jesus e todas as outras personagens do presépio. Com isto aquele mês de férias ansiado durante onze longos meses encaixotado algures no recanto mais escondido da arrecadação, termina para o Menino Jesus e para as restantes personagens do presépio um mês de protagonismo (merecido) e bem regado de boas intenções e afectos. Mais ou menos à balda, lá vai ele para o seu pequeno caixote que se vê forçado a partilhar com uma série de gente de várias etnias, animais de várias espécies, no maior dos desconfortos. Para termos uma pequena noção, teremos de nos imaginar a partilhar uma despensa com meia dúzia de metros quadrados com pelo menos mais cinco pessoas, uma vaca, um burro, três camelos, umas tantas ovelhas, um galo, um casal de patos (sim, porque o lago tem de servir para alguma coisa). Tudo isto durante meses a fio, sem de lá poder sair até que os senhores dos centros comerciais para isso deem ordem, que é como quem diz, abram oficialmente a época natalícia ao pendurar os primeiros enfeites. Por estas, e por outras tantas razões que não é de todo uma vida prendada, que só mesmo alguém muito GRANDE consegue suportar e anualmente sair do caixote com aquele aspecto jovial e carismático. Com todo o respeito e admiração que me é possível:
Até Dezembro, Menino Jesus!
A tradição já não é o que era e as vendas compensam
Esqueça o bacalhau na noite de consoada. E que tal um hamburger com batatas fritas? Se perguntar às crianças, a resposta é previsível. Pois bem, a pensar nos números, os restaurantes McDonalds vão estar abertos na noite de Natal.
E sabem de que é a culpa se este tipo de atitudes se tornar moda?
De todos aqueles que sem o mínimo de bom senso, sem escrúpulos e mais uma interminável lista de adjetivos menos bons. Não quero criar qualquer campanha anti-Mac ou algo do género, o motivo pelo qual eu acho uma estupidez as pessoas confirmarem o sucesso deste tipo de iniciativas é pura e simplesmente o abalroar dos direitos do trabalhador, do bem-estar e da qualidade de vida daquelas pessoas que para “luxo rasca” de alguns fiquem sem o direito ao tempo com a família tão esperado e apreciado nesta altura.
Nós, e incluo-me nesta afirmação, pois de alguma forma todos nós enfiámos a carapuça, somos totalmente responsáveis por todas aquelas atitudes pró-capitalismo que espreitam a cada canto e esquina.
Senão, vejamos as coisas por este prisma:
Quantos de nós, têm familiares, amigos, pessoas próximas que trabalham ao fim-de-semana, feriados e fora de horas a preço de saldo, que é como quem diz, como se de horário normal se tratasse?! Todos nós, posso afirmar com certeza.
Agora para aqueles casos, que (ainda) não o fazem, isto é, que estão habituados a fazer o dito horário normal, que acham da ideia de lhes ser proposto trabalharem fins-de-semana, feriados e Natal?! Até parece que vos estou a ouvir, provavelmente a opinião é unanime: Nem pensar!!!
Pois é meninos e meninas, pelo andar da carruagem é para lá que caminhamos e sabem porquê? Pelo nosso comodismo de querer andar a passear nos centros comerciais, fazer questão de andar a empurrar o carrinho de supermercado aos domingos (à tarde, claro), usar e abusar dos serviços de apoio ao cliente e mais um sem número de futilidades que poderíamos fazer em qualquer outra altura, mas fazemos questão de dar razão a esses analistas e ou economistas das folhas excel em que tudo bate certo, e as relações familiares, o bem-estar social e o mínimo de respeito pelas pessoas não são possíveis de inserir na fórmula matemática. Estou mesmo a ver o fecho da caixa da cadeia de fast-food no dia de Natal com números exorbitantes que aliciam qualquer um a abrir o estabelecimento nesses dias. Enfim, é uma tristeza a mentalidade mesquinha que cada vez mais abunda na sociedade.
Só agora reparei na tamanha escritura que aqui tenho, apenas para dizer, não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti, que neste caso é mais, não dês oportunidade aos grandes grupos de foderem alguns, pois em pouco tempo fodem-te (também) a ti.
@ Não é meu costume o uso de palavras menos próprias, mas neste caso não arranjei sinónimo à altura
. Quem disse que a vida do ...
. Esqueça o bacalhau: McDon...