Tendo como motivação descobrir as múltiplas marcas de portugalidade inscritas no nosso jardim à beira-mar, heranças antigas ou contemporâneas, desde cedo a necessidade obrigou a pôr os pés ao caminho. Desci primeiro ao sul onde predomina o ar quente e pessoas à boa vida, a gozar as merecidas férias, onde prontamente lhes servia os manjares bem regados, para conseguir ganhar umas coroas para quando chegasse a minha vez, também eu pudesse relaxar e ser servido. Experiência rica em aprofundar a lide com pessoas do mais variado extrato social, nacional e estrangeiro. Também me serviu de grande exemplo e confirmação de que santos da terra não fazem milagres, pois dessas milhares de pessoas com quem contactei, seriam as da freguesia ao lado da minha terra natal que me levantaram problemas, onde muitas das outras de lugares e países longínquos me elogiavam e prendavam com chorudas gorjetas…Foi sim uma temporada bem passada por terras da Oura, no litoral algarvio.
Hora do regresso a casa, embora não por muito tempo, mas o suficiente para traçar como objetivo uma formação técnica, que fosse de encontro às minhas capacidades e gostos, e claro, que me permitisse alcançar um bom nível de vida. Posto isto, rumei à cidade berço, onde por lá deu para sorrir, chorar, relaxar, stressar e ao fim de um esforço moderado, parte do objetivo foi superado… A parte restante, o futuro não muito colorido o dirá.
Terminado o tempo da boa vida, é chegada à hora de meter mãos à obra e lá fui eu para as terras de Santa Maria, deixar lá algum suor. Em dois passos descobri Gaia, a Invicta e aquilo que não vem nos guias turísticos, para não falar em toda a faixa costeira desde a ria de Aveiro até S. Gregório no topo norte de Portugal. Como se não bastasse, achei (ou acharam) que ainda havia muito para descobrir e cá estou eu, a desbravar o interior norte e agreste.
À medida que fui palmilhando territórios, conhecendo pormenores e desvendando mistérios, somando dois e dois, senti por vezes raiva e vergonha, por vezes admiração e orgulho. Certo é que os portugueses, quando «deram novos mundos ao mundo», iniciaram de forma sistemática o processo da globalização humana. Estas são as minhas malas de cartão, bagagem onde cabem as histórias, as paisagens, as pessoas, os sentidos e os sentimentos, as gargalhadas, as andanças, os ecos, a fé, os sabores, as saudades, as pedras, o ouro e as especiarias, o sangue, a ignomínia, a glória e a honra dos portugueses de agora e de então espalhados pelo mundo.
Esta pequena parte da vida de um cidadão comum, que não pode em nada ser comparada com as amarguras de milhões de nós, mas que seria suficiente para aquela cambada de desajeitados que nos (des)governam tivessem o mínimo de noção do que é lutar e valorizar o país e os portugueses ao invés de mandar papaias e tomar medidas que tem tanto de inúteis como de básicas. Qualquer criança da pré-primária sabe que se quiser mais coisas (dinheiro, brinquedos ou o que quer que seja) o mais fácil é pedir aos pais. Ora isto não trás mais riqueza ao agregado familiar, mas ela fica bem mais satisfeita. Se fizermos esta analogia com o estado, as conclusões são… Vocês bem sabem!!
. Uma mala de cartão para.....